sábado, 29 de junho de 2013

Fé e Razão, podem andar juntas hoje?

Bom dia caro leitor, estamos aqui novamente para mais um encontro, para refletirmos sobre algumas coisitas legais e outras coisitas bregas. A filosofia estuda diversas áreas, seja elas educação, direito religião, política etc... então com isso surge um leque de assuntos a serem discutidos por filósofos ou qualquer outro profissional da área das ciências humanas (Sociologia, História e Antropologia). O tema de hoje é bem típico na nossa sociedade nos dias de hoje, "Fé e Razão", será que essas podem andar juntas? vamos retornar há época em que isso foi "possível" e aplicar os mesmos fundamentos hoje e analisar se isso seria possível em uma sociedade tão "moderna" como a nossa.
A filosofia teve em seu nascimento uma característica fundamental, o desapego ao mito, as coisas que não tem uma argumentação racional, algo dogmático, isso permaneceu desde o pensamento cosmogônico dos pré-socráticos e também nos pensamentos da nova filosofia antropológica de Sócrates, Platão e Aristóteles, nas escolas helenísticas também (Cínicos, estoicos, pirristas, epicuristas e neoplatonistas). A fé cristã ocidental ( a que vou me referir nesse artigo) entra nessa história no fim do império romano,com a ascensão do cristianismo pelos romanos e a difusão cristã para o resto do ocidente. Com a nova doutrina religiosa em vigor, toda produção grega (inclusive as filosóficas) foram consideradas pagãs, e não eram aceitas pela nova sociedade pois era pecado e isso levava a condenação, porém na baixa idade média surge um grande alguém, um grande ser que após passar pelo maniqueísmo, estudar o estoicismo grego e enfim se fixar no neoplatonismo, remonta o pensamento medieval da época com a "cristianização" do pensamento de Platão, o nome dele é "Santo Agostinho" (que todos conhecem).

Santo Agostinho, nasceu na cidade de Targasta no norte da África, antes de virar Bispo cristão passou por uma corrente religiosa, o Maniqueísmo (Doutrina religiosa que tende a dividir o mundo sempre em dóis, bem e mal, corpo e alma, claro e escuro... etc) mas Agostinho não estava satisfeito em tudo sempre haver essa separação, esse dualismo, daí Agostinho seguiu para os estudos da escola dos estoicos (escola helenística que não era dualista, havia apenas um pensamento, na criação, na nossa posição do mundo, que somos apenas um em meio ao mundo etc...) Mesmo assim Agostinho não estava satisfeito, então ele acaba entrando de vez em outra escola o "Neoplatonismo" de Plotino, onde Agostinho maravilha-se com o pensamento neoplatônico, onde Plotino (o fundador da escola) admite que o mal não existe por si só, ele é uma consequência do afastamento do bem, para explicar a própria ideia, Plotino usa como exemplo uma fogueira, segundo ele Deus é a fogueira da vida em meio ao escuro do mundo, quanto mais longe da fogueira, você ficará com mais frio, com mais medo, e em uma aproximação do mal  pelo fato de está distanciado do bem. Vendo esses ensinamentos, Agostinho então usa o pensamento neoplatônico para seus ensinamentos como sacerdote, virá Bispo em Milão e depois acaba indo para Hipona na África. Agostinho nos deixou dois grandes trabalhos dele, Confissões e Cidade de Deus. Agostinho uniu o pensamento de Platão com o cristianismo, pois Platão dividiu o mundo em mundo das ideias e o mundo dos sentidos, ou seja um lado o mundo perfeito (o mundo de Deus que é eterno, imutável...) e do outro lado o mundo dos sentidos (sendo esse imperfeito, errôneo, um simples reflexo da perfeição do mundo das ideias) sendo assim, Agostinho resgatou o pensamento grego de Platão e "cristianizou" para obter uma explicação não só feita pela fé mas também pela razão. A idade média é cheia dessas tentativas de união de razão e fé, para contentar as perguntas do corpo (razão) e alma (fé)... diversos pensadores fizeram o mesmo que agostinho, como Avicena, Boécio, Abelardo, Averróis, Erasmo de Roterdã e Santo Agostinho... ambos são teólogos e filósofos, apenas Tomás de Aquino levou o nome de teólogo pois não havia essa separação antes dele, porém sendo teólogo ou não, isso não altera sua prática filosófica.

Razão e Fé, andaram "juntas" apenas na idade média (segundo a minha visão) por uma mera necessidade, com o Renascimento, criou-se um certo ateísmo a cerca disso, pois não se era mais necessário a religião para nada, o homem colocou-se como o centro do universo, o Antropocentrismo, daí saímos do Teocentrismo, onde Deus era tudo e o homem nada, um pó ( que eu acho particularmente esse pensamento uma piada ), vemos as descobertas das ciência, novas técnicas etc. O homem então vê-se em um grande problema metafísico nos séculos XX e XXI, a nova tentativa de união de Fé e Razão, pois mesmo com a "modernidade" ainda é vivente o pensamento religioso, cristão ( que eu acho lindo, as manifestações de fé, todas para mim são válidas). Enfim, senhores e senhoras leitores, o segredo para uma boa convivência moral religiosa em meio a modernidade é a sabedoria, saber respeitar o espaço do outro, e saber que mesmo que nós como seres morais, sociais e políticos, somos seres individuais, somos um apenas, temos que saber entender o que lemos, por exemplo quando Nietzsche diz "Deus está morto" já vi gente barbarizando-se com essa frase, só que não perceberam o que Nietzsche quis dizer... que a ciência matou Deus, de que forma isso? antes você rezava para Deus te curar de alguma enfermidade, hoje você vai ao médico, toma um analgésico e "supimpa!" com a razão tudo fica mais claro... esse é o papel da filosofia, a reflexão racional, o saber do saber.
Obs: Senhor leitor, devo vos lembrar que aqui não falei de Religião, não critiquei a religião, o nome disso é moral e fé somente! pois cada um trata sua religião, sua fé como bem entende e eu usei o cristianismo como exemplo pois moro no ocidente e a doutrina religiosa do ocidente praticamente todo é o cristianismo em suas vertentes, Catolicismo, protestantes, espíritas e judeus reformadores.

-  Obrigado senhor leitor, fica aqui o meu obrigado e reflitam sobre o refletir, até amanhã, tenham um bom dia!

Por: Davi Reis de Jesus

Nenhum comentário:

Postar um comentário