domingo, 30 de junho de 2013

Rousseau e o Romantismo!

Bom dia caro leitor, estamos aqui novamente, hoje para falar de um tema nada brega, o "Romantismo" e sua relação com Jean-Jacques Rousseau. Para começar a nossa análise, não podemos dizer que existiu um pré-romantismo, mas se analisarmos de forma profunda logo ligaremos Rousseau ao Romantismo diretamente, com suas ideias sentimentais, egocêntricas, assim podemos marcar um traço entre Rousseau e o Romantismo, vejamos.
O sentimento da natureza está profundamente relacionado com uma atitude subjetivista, com o voltar-se para si mesmo. Tomando por base sua própria personalidade, Rousseau começa a estudar o homem e sua relação com o mundo que o cerca. Em sua obra Discours sur l’origine de l’inégalité (discurso sobre a origem da desigualdade) Rousseau nos afirma que o homem nasce por natureza bom, puro, ingênuo e que antes vivia em condições de isolamento e inoscência; a sociedade e seus valores culturais criaram, por meio da propriedade privada e da divisão do trabalho, uma desigualdade artificial de origem social, não natural, e uma falsa moralidade; logo, é a sociedade que corrompe o homem. Daí, Rousseau busca mergulhar em si, para a descoberta do homem natural: um homem por natureza isolado, auto-suficiente, sem a necessidade de guerra e conflitos para atender-se a alguma necessidade e como ele mesmo escreve, sem medo da morte ( que eu acho genial)

Com isso, Rousseau busca a natureza selvagem do homem, pura sem a mácula causada pelo mundo corrompido pela civilização, é o grande mito do bom selvagem (para os que não leram clique aqui), ser integro e primitivo, características essas muito usadas por escritores românticos. Esse "homem" está oculto no interior de cada homem, possui a essência de todos os homens, a liberdade. Mas, uma liberdade não apenas social, também emocional, sentimental (características precursoras do romantismo, o sentimentalismo emocional).Ao localizar que o erro existencial está na sociedade, Rousseau estabelece um pessimismo tocante à sociedade, à civilização que se estendera no pensamento romântico do século XIX. As características que marcam o homem romântico são: as insatisfações, pessimismo diante a realidade social, fulga da realidade; por meio da imaginação e da sensibilidade (Características claras do romantismo do século XIX e XX). Ao estabelecer a necessidade de liberdade, de pensamentos, de palavras e da livre expressão da criatividade, Rousseau rejeita as regras e modelos impostos pela razão em detrimento de uma maior simplicidade e franquezas estéticas. O homem se realiza na sensibilidade e na criatividade, liberando a inspiração original que verte das profundezas do ser. Novamente, percebemos características que serão retomadas pelos românticos: a liberdade estética e a inspiração como verdadeira fonte de expressão do gênio criador. Com isso podemos dizer que um dos pontos de partida da obra de Rousseau é a interioridade como sinônimo de sentimento, o que o contrapõe ao racionalismo do Século das Luzes. É no sentimento que se encontra a melhor tradução da interioridade humana, pois é no sentir-se que o homem mergulha em suas raízes de maneira mais livre. Há uma expansão do eu e da subjetividade, que será a base de todo pensamento romântico. O espírito romântico, já no século XIX, volta-se para a subjetividade, para a valorização dos sentimentos em todos os seus matizes, mas é no amor que encontramos sua grande expressão (um lenço para todos os sentimentais que gostam de se derramar em lágrimas lendo o amor em Rousseau!). O amor que para Jean-Jacques é também uma forma de ressaltar a essência primitiva do ser humano.

Enfim, caro leitor podemos denotar que as ideias de Rousseau tiveram forte influência na construção de todo o pensamento romântico francês que se espalhou para o resto da Europa e chegou aqui no Brasil (mais detalhes sobre o Romantismo no Brasil), a primeira obra brasileira foi:  "Suspiros poéticos e saudades", de Domingos José Gonçalves de Magalhães, em 1836, depois tivemos três grandes gerações fortemente marcadas pelos pensamentos libertários, sentimentalistas, pessimistas e idealizador quanto o homem e sociedade. (é muito lindo tudo isso, o amor quando sentido realmente ta aí uma das coisas que não acho brega ao contrário de muitos racionalistas!) - Tenha um excelente domingo, senhor leitor!

Escrito por: Davi Reis de Jesus

sábado, 29 de junho de 2013

Fé e Razão, podem andar juntas hoje?

Bom dia caro leitor, estamos aqui novamente para mais um encontro, para refletirmos sobre algumas coisitas legais e outras coisitas bregas. A filosofia estuda diversas áreas, seja elas educação, direito religião, política etc... então com isso surge um leque de assuntos a serem discutidos por filósofos ou qualquer outro profissional da área das ciências humanas (Sociologia, História e Antropologia). O tema de hoje é bem típico na nossa sociedade nos dias de hoje, "Fé e Razão", será que essas podem andar juntas? vamos retornar há época em que isso foi "possível" e aplicar os mesmos fundamentos hoje e analisar se isso seria possível em uma sociedade tão "moderna" como a nossa.
A filosofia teve em seu nascimento uma característica fundamental, o desapego ao mito, as coisas que não tem uma argumentação racional, algo dogmático, isso permaneceu desde o pensamento cosmogônico dos pré-socráticos e também nos pensamentos da nova filosofia antropológica de Sócrates, Platão e Aristóteles, nas escolas helenísticas também (Cínicos, estoicos, pirristas, epicuristas e neoplatonistas). A fé cristã ocidental ( a que vou me referir nesse artigo) entra nessa história no fim do império romano,com a ascensão do cristianismo pelos romanos e a difusão cristã para o resto do ocidente. Com a nova doutrina religiosa em vigor, toda produção grega (inclusive as filosóficas) foram consideradas pagãs, e não eram aceitas pela nova sociedade pois era pecado e isso levava a condenação, porém na baixa idade média surge um grande alguém, um grande ser que após passar pelo maniqueísmo, estudar o estoicismo grego e enfim se fixar no neoplatonismo, remonta o pensamento medieval da época com a "cristianização" do pensamento de Platão, o nome dele é "Santo Agostinho" (que todos conhecem).

Santo Agostinho, nasceu na cidade de Targasta no norte da África, antes de virar Bispo cristão passou por uma corrente religiosa, o Maniqueísmo (Doutrina religiosa que tende a dividir o mundo sempre em dóis, bem e mal, corpo e alma, claro e escuro... etc) mas Agostinho não estava satisfeito em tudo sempre haver essa separação, esse dualismo, daí Agostinho seguiu para os estudos da escola dos estoicos (escola helenística que não era dualista, havia apenas um pensamento, na criação, na nossa posição do mundo, que somos apenas um em meio ao mundo etc...) Mesmo assim Agostinho não estava satisfeito, então ele acaba entrando de vez em outra escola o "Neoplatonismo" de Plotino, onde Agostinho maravilha-se com o pensamento neoplatônico, onde Plotino (o fundador da escola) admite que o mal não existe por si só, ele é uma consequência do afastamento do bem, para explicar a própria ideia, Plotino usa como exemplo uma fogueira, segundo ele Deus é a fogueira da vida em meio ao escuro do mundo, quanto mais longe da fogueira, você ficará com mais frio, com mais medo, e em uma aproximação do mal  pelo fato de está distanciado do bem. Vendo esses ensinamentos, Agostinho então usa o pensamento neoplatônico para seus ensinamentos como sacerdote, virá Bispo em Milão e depois acaba indo para Hipona na África. Agostinho nos deixou dois grandes trabalhos dele, Confissões e Cidade de Deus. Agostinho uniu o pensamento de Platão com o cristianismo, pois Platão dividiu o mundo em mundo das ideias e o mundo dos sentidos, ou seja um lado o mundo perfeito (o mundo de Deus que é eterno, imutável...) e do outro lado o mundo dos sentidos (sendo esse imperfeito, errôneo, um simples reflexo da perfeição do mundo das ideias) sendo assim, Agostinho resgatou o pensamento grego de Platão e "cristianizou" para obter uma explicação não só feita pela fé mas também pela razão. A idade média é cheia dessas tentativas de união de razão e fé, para contentar as perguntas do corpo (razão) e alma (fé)... diversos pensadores fizeram o mesmo que agostinho, como Avicena, Boécio, Abelardo, Averróis, Erasmo de Roterdã e Santo Agostinho... ambos são teólogos e filósofos, apenas Tomás de Aquino levou o nome de teólogo pois não havia essa separação antes dele, porém sendo teólogo ou não, isso não altera sua prática filosófica.

Razão e Fé, andaram "juntas" apenas na idade média (segundo a minha visão) por uma mera necessidade, com o Renascimento, criou-se um certo ateísmo a cerca disso, pois não se era mais necessário a religião para nada, o homem colocou-se como o centro do universo, o Antropocentrismo, daí saímos do Teocentrismo, onde Deus era tudo e o homem nada, um pó ( que eu acho particularmente esse pensamento uma piada ), vemos as descobertas das ciência, novas técnicas etc. O homem então vê-se em um grande problema metafísico nos séculos XX e XXI, a nova tentativa de união de Fé e Razão, pois mesmo com a "modernidade" ainda é vivente o pensamento religioso, cristão ( que eu acho lindo, as manifestações de fé, todas para mim são válidas). Enfim, senhores e senhoras leitores, o segredo para uma boa convivência moral religiosa em meio a modernidade é a sabedoria, saber respeitar o espaço do outro, e saber que mesmo que nós como seres morais, sociais e políticos, somos seres individuais, somos um apenas, temos que saber entender o que lemos, por exemplo quando Nietzsche diz "Deus está morto" já vi gente barbarizando-se com essa frase, só que não perceberam o que Nietzsche quis dizer... que a ciência matou Deus, de que forma isso? antes você rezava para Deus te curar de alguma enfermidade, hoje você vai ao médico, toma um analgésico e "supimpa!" com a razão tudo fica mais claro... esse é o papel da filosofia, a reflexão racional, o saber do saber.
Obs: Senhor leitor, devo vos lembrar que aqui não falei de Religião, não critiquei a religião, o nome disso é moral e fé somente! pois cada um trata sua religião, sua fé como bem entende e eu usei o cristianismo como exemplo pois moro no ocidente e a doutrina religiosa do ocidente praticamente todo é o cristianismo em suas vertentes, Catolicismo, protestantes, espíritas e judeus reformadores.

-  Obrigado senhor leitor, fica aqui o meu obrigado e reflitam sobre o refletir, até amanhã, tenham um bom dia!

Por: Davi Reis de Jesus

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Crítica: Sociedade, Desigualdades, Capitalismo...

Bom dia caro leitor, como estão as coisas por aí? bem aqui está tudo na paz, obrigado primeiramente á todos que acompanham meu trabalho, bem para começar, o nosso tema de hoje trata da "Sociedade" só que de um ponto não tão legal... vejamos, hoje em dia ouvimos sempre em diversos telejornais a palavra "Desigualdade" e logo depois dela vem "Social" certo? pois bem, já estou cansado de ouvir isso, apenas ouvir, já parou para pensar filosoficamente o que isso significa? a desigualdade social existente no Brasil em específico é algo causado por nós mesmos, reflexo de atitudes e escolhas nossas, seres que dizem ser racionais, pensantes e elegantes ( que eu acho brega demais!), e não temos a capacidade de socializar as classes menos favorecidas e ainda usamos o termo "racional" para um ser que exclui seu semelhante da Sociedade.  Minha crítica a sociedade não é bem a ela diretamente, mas sim ao homem (ser político-social que compõe a sociedade) que ainda diz ser normal, racional, politicamente correto e toda uma "breguice" só. Hobbes nos alertou quando disse que "O homem é lobo do próprio homem" temos a capacidade de excluir pessoas por não ter o poder aquisitivo necessário para compor a elite social, a famosa "Aristocracia" sendo franco com você caro leitor, estamos regredindo não avançando, por que ainda temos costumes negativos e anti-sociais da época clássica greco-romana, passaram-se mais de vinte séculos e nada, intelectualmente falando, apenas poucos avançaram (salva-se alguns como Kant e Schopenhauer e toda outra elite intelectual de Sócrates á Sartre que sofreram muito por pensarem e não serem componentes do politicamente correto!). As desigualdades Senhores e Senhoras é um fruto das nossas ações, das nossas escolhas, não é algo divino, do destino ou algo do tipo, é algo concreto, a lei da causalidade descrita por Kant (1724-1804), "tudo tem uma causa e tudo tem um efeito" e para completar, não é culpa do capitalismo não como todos pensam, o capitalismo é vítima do homem, por que ele foi criado por quem? por Deus? Por buda? por quem foi? Por nós óbvio, criamos o capitalismo de uma má forma e temos hoje o reflexo dele (o efeito) na nossa sociedade, Karl Marx (1818-1883) tentou a reforma social na sociedade do século XIX a ascensão do socialismo e o fim do capitalismo, a metafísica de Marx e seu materialismo histórico é sentido nas suas obras titulares "O manifesto comunista", "A miséria da Filosofia" e o ""O Capital" obras as quais Marx faz uma Crítica séria, ácida e direta aos regimes impostos pelo capitalismo na época, os altos gastos da sociedade burguesa, e a vida miserável e escrava da sociedade trabalhadora o "proletariado" outros pensadores escreveram muito a respeito da sociedade, pois é um assunto que não podemos fechar os olhos.

Nietzsche nos diz "o homem é algo a ser superado", concordo com ele, porém, ser superado por quem? ou pelo o que?.... caro leitor, esse foi um desabafo de jovem escritor e amante da filosofia, que não fechemos os olhos para os nossos semelhantes, antes de nos auto-declararmos racionais, vejamos se somos mesmo, antes de conhecer qualquer pensamento metafísico moderno, como o próprio Nietzsche ou outros como Kant, Hegel, até mesmo Descartes, Hume e outros, lembremos do que nosso querido Sócrates nos disse, "Só sei que nada sei" o verdadeiro sábio, senhor
 leitor, é aquele que reconhece sua ignorância, e antes de pensar que conhece algo ou querer conhecer algo além, lembremos de outro ensinamento que Sócrates nos deixou uma alto reflexão em todas as nossas ações  "conhece-te a ti mesmo".
- Tenham um Excelente dia, até amanhã!!!


Por: Davi Reis de Jesus

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Pensamento Kantiano e seu criticismo.



O CRITICISMO KANTIANO
Introdução
Kant é seguramente o filósofo mais importante da Ilustração e, quiçá, de toda a
modernidade. Por isso frequentemente se divide o pensamento moderno entre pré-
kantiano e pós-kantiano. Quando falamos assim, na verdade, estamos distinguindo entre o
tipo de filosofia que se fazia antes e depois da Crítica da razão pura, já que é nesta obra que
são sintetizados os princípios do criticismo kantiano e da revolução copernicana na
filosofia.
No entanto, Kant não foi sempre um crítico, já que possuiu uma larga fase denominada
pré-crítica, na qual ainda não havia desenvolvido o criticismo. Contudo, podemos
interpretar toda esta ampla etapa como um continuado esforço de Kant para conseguir
formular o criticismo, que constitui seu pensamento maduro e a síntese de sua
contribuição filosófica. Deve-se notar, contudo, que Kant possui um pensamento muito
complexo e bem mais amplo que o identificado com suas três críticas: Crítica da razão pura,
Crítica da razão prática e Crítica da faculdade de julgar.
Kant recebeu e forneceu resposta específica a praticamente todas as grandes correntes
filosóficas de seu tempo: à tradição racionalista moderna, sobretudo a partir da
perspectiva da chamada Escola de Leibniz-Wolff; à tradição da ciência física matemática,
especialmente desde o sistema de mundo de Newton; à tradição empirista moderna,
especialmente desde as conclusões céticas que dela extrai Hume; ao pensamento e a
atitude da Ilustração, mormente da formulação que lhe deu Rousseau; e, também, à
tradição religiosa cristã, sobretudo a partir do pietismo luterano no qual Kant foi educado.

Introdução ao pensamento filosófico.


O que é Filosofia? Para que a Filosofia? A atitude filosófica.
Apresentação
O objetivo principal de Introdução Filosofia é despertar no aluno a percepção que
a análise, reflexão e crítica da realidade, fundamentadas pelo pensamento filosófico e
norteadas por princípios e valores éticos, levam a uma maior compreensão do mundo,
propiciam escolhas conscientes e um atuar justo tanto no cotidiano quanto no exercício
profissional, tornando-o consciente de sua importância como indivíduo e cidadão.
Nesse sentido, a intenção dessa disciplina não é responder a questões filosóficas nem
formar filósofos, mas sim aprimorar o pensar em todos aqueles que atuam ou
pretendem atuar como administradores.
O pensamento filosófico aproxima o homem do mundo, proporciona uma maior
compreensão da realidade e a descoberta de novos significados para a existência,
tornando o ser humano capaz de ajustar suas escolhas e ações no convívio com o
outro, com o mundo e em sua experiência profissional.
Conhecer os temas, as idéias, os conceitos e a história da Filosofia amplia a
nossa experiência de compreensão do mundo e nos permite ser donos de nosso
próprio pensar, falar e agir. A Filosofia é um modo de pensar que acompanha o homem
em sua tarefa de compreender o mundo e agir sobre ele.
Cada aula corresponde a um Roteiro de Estudo, elaborado a partir do conteúdo
apresentado e discutido em sala, que estará postado no blog. Cabe ressaltar que o
presente material é apenas o ponto de partida e orientação para estudo e não substitui
o conteúdo dos livros indicados ao final de cada roteiro.
1. Introdução
A todo o momento estamos diante de crenças, julgamentos e regras de
comportamento. Muitas dessas crenças são silenciosas, muitos desses
comportamentos são aceitos como óbvios e naturais. Toda nossa conduta se baseia
em valores morais, religiosos, políticos, artísticos e estéticos.
2
Em nosso cotidiano, as opiniões e os preconceitos orientam nossas conversas e
ações, é o chamado senso comum. O que caracteriza o senso comum não é sua
verdade ou falsidade, mas a sua falta de fundamentação coerente, precisa e
sistemática.
A maioria das pessoas não questiona suas crenças, seu valores, seus
propósitos, seus sonhos e seu pensar. Essa atitude leva o indivíduo a se distanciar da
realidade e a agir sem responsabilidade, pois ele já não é dono de seu próprio pensar,
portanto não é dono de sua fala e suas ações.
É importante que o homem passe a analisar, refletir e criticar, tornando-se capaz
de compreender o mundo, o outro e a si próprio. A Filosofia proporciona a aproximação
entre o homem e a realidade. A atividade filosófica é fundamentada na análise, reflexão
e crítica da realidade e dos seres humanos, de como se pensa, fala e age.
Filosofia é a decisão de não aceitar como naturais e evidentes as idéias, os
fatos, as situações e os valores do cotidiano.
A primeira coisa que surge ao estudarmos Filosofia são perguntas:
- Para que serve a Filosofia?
- O que é Filosofia?
- Para que eu vou estudar isso?
- O que isso traz de bom e útil para minha vida?
- Como e onde praticar a Filosofia?
Não há respostas definitivas, mas as perguntas são fundamentais na Filosofia.
A Filosofia parte do desejo de conhecer a realidade, ir além das aparências.
Filosofia tem a ver com pensar melhor a realidade, conhecer a realidade. Compreender
a realidade para agir melhor.
A Filosofia é importante para todas as áreas, não apenas no nível profissional,
mas no pessoal, afetivo, familiar, ético. A função do administrador é resolver problemas,
tomar decisões. O administrador decide o melhor para a empresa a partir de uma
determinada realidade. Ele precisa ter o pensamento organizado e estruturado para
escolher corretamente. O administrador precisa saber pensar, analisar, avaliar, criticar e
propor soluções coerentes.
3
A Filosofia leva a idéia de PENSAR. Quando pensamos trabalhamos com a
palavra, usamos a linguagem. Produzimos conhecimento, produzimos conceitos.
Conceitos são idéias desenvolvidas ou elaboradas a respeito de um assunto. Antes de
chegarmos ao conceito partimos de uma idéia inicial: o pré-conceito. O pré-conceito é
uma idéia não elaborada, incompleta, parcial. O pré-conceito só se torna negativo se
nos restringirmos a ele, sem desenvolvê-lo. O conceito é amplo e completo.
2. São tarefas da Filosofia:
desenvolver os pré-conceitos, torná-los conceitos elaborados e amplos.
desenvolver a capacidade de pensar.
desenvolver a capacidade de agir melhor, de formar valores e tornar
assim o homem mais livre.
3. Etimologia da palavra Filosofia, vem do grego: amor pelo saber, amizade à
sabedoria
philos – amor
Sophia - à sabedoria
A Filosofia nasceu do amor que busca compreender o mundo, os outros e a si
mesmo. Foi o desejo de se compreender a realidade que originou a filosofia. Até o
século XVI, todo conhecimento científico estava ligado à Filosofia.
Cabe ressaltar que somente o ser humano é capaz de buscar o conhecimento.
Os animais seguem os seus instintos e os deuses sabem tudo.
4. Realidade aparente/realidade essencial
Percepção é a relação entre as coisas e nós, e nós e as coisas, em seu exterior,
por meio dos nossos sentidos. Realidade é aquilo que tem sentido para nossa
consciência. Será que percebemos as coisas como realmente são? O que é minha
percepção? O que a realidade?
O exemplo do movimento da terra deixa claro o quanto a percepção pode nos
enganar. “Vemos que o sol nasce a leste e se põe a oeste... Nossos olhos nos fazem
acreditar que o Sol se move à volta da terra e que esta parece imóvel... No entanto, a
4
astronomia demonstra que não é isso que acontece. A terra é um planeta num sistema
cuja estrela central se chama Sol, ou seja, a Terra é um planeta do Sistema Solar e ela,
juntamente com outros planetas, é que se movem à volta do Sol, num movimento de
translação” (Marilena Chauí).
Assim, precisamos ir além da aparência, das percepções, das verdades prontas,
das crenças e opiniões. É preciso mudar a atitude: sair da atitude costumeira de aceitar
tudo e passar a desconfiar e a fazer perguntas.
Toda nossa conduta, todo nosso pensar possui valores morais, religiosos,
políticos, artísticos e estéticos. A maioria das pessoas não questiona suas crenças, seu
valores, seus propósitos, seus sonhos e seu pensar. Essa atitude leva a um
distanciamento da realidade, ao desconhecimento do mundo a sua volta e do seu papel
na vida, a passividade e ao descompromisso.
5. Adotar a Atitude Filosófica
Adotamos uma atitude filosófica quando nos distanciamos da vida cotidiana por
meio do pensar. Saímos da aparência e buscamos a essência das coisas.
A Filosofia ou atitude filosófica inicia-se quando abandonamos nossas certezas
cotidianas e queremos ir além – nos momentos de crise, que nos levam a
transformação. A atitude filosófica pressupõe a atitude crítica.
Sempre pensamos crítica como falar mal de algo ou alguém. Não é bem isso.
Crítica significa ter a capacidade de julgar, discernir e decidir corretamente, saber
examinar racionalmente as coisas sem preconceitos e julgamentos e, também, poder
avaliar detalhadamente uma idéia, valor, costume, comportamento. Para sermos
críticos precisamos nos afastar do que queremos analisar e analisar o fato, a idéia,
como se nunca a tivéssemos visto.
A primeira atitude filosófica é dizer não ao senso comum, em uma atitude
negativa. A segunda atitude filosófica é perguntar, em uma atitude positiva.
Filosofia é a decisão de não aceitar como naturais e evidentes as idéias, os fatos,
as situações e os valores do cotidiano. A filosofia surge quando queremos provas
racionais para nossas crenças.

6. A atitude filosófica envolve um conjunto de habilidades a serem exercitadas:
1º. Questionar : significa ser curioso, perguntar sobre tudo que existe,
pensar sobre as coisas, suspeitar do que é dito habitualmente, desconfiar dos
pré-conceitos, do senso comum.
O que é? Questiona a realidade essencial e profunda de algo.
O que são as coisas que estão à nossa volta?
O que significam os costumes, as crenças e a natureza?
Quem somos?
Como acontece? Como é estrutura e a significação de algo.
Como funcionam as coisas naturais e humanas?
Qual a origem das coisas?
Por quê? Para quê? Qual a origem e causa de algo.
Qual o sentido, a razão, a justificativa, a finalidade, o objetivo das coisas
ou fenômenos naturais e humanos?
2º. Investigar: procurar respostas para os problemas, buscar conclusões
melhores.
formular hipóteses, analisar, comparar e buscar princípios
examinar, formular e desenvolver razoes e argumentos
3º. Ampliar horizontes
considerar maneiras de novas de ver a realidade
Pesquisar o já conhecido e se ela pode ainda ser útil
Imaginar novas possibilidades e elaborar sínteses
7. O conhecimento filosófico
O conhecimento filosófico vai ser resultado do exercício e do processo de
filosofar, buscando a verdade sem querer possuí-la. O ser humano busca um sentido
para sua existência e um sentido mais amplo da realidade. A questão central da
filosofia: quem é o ser humano e qual é o sentido da vida, da realidade. Preocupa-se
em conhecer a si próprio e com o destino da humanidade. As conclusões filosóficas são
sempre parciais e as respostas levam sempre a novas perguntas.
6
8. O pensar
Há diferença entre pensar e ter pensamentos. O pensar é uma atividade: “O
pensamento é o passeio da alma”, diz um filósofo grego desconhecido. Pensar é um
movimento, uma atividade, uma ação. É uma atividade pela qual a inteligência coloca
algo diante de si para atentamente considerar, avaliar, pesar, equilibrar, entender.
Por meio do pensamento manifestamos nossa capacidade de elaborar regras,
normas, leis e princípios. Nós pensamos e sabemos que pensamos. Essa capacidade
de refletir sobre o nosso próprio pensamento nos permite encadear processos de
abstração. São esses processos de abstração que nos levam a conhecer a realidade e
atribuir significados a essa realidade.
Isso é possível por que o homem é dotado de razão, da capacidade de
raciocinar. O pensamento conta com seu mais poderoso invento: a palavra. É a palavra
que confere ao homem essa capacidade de pensar. O pensamento nos familiariza com
o mundo e nos leva a compreender o significado dos objetos, das pessoas e das
relações entre uns e outros.
Nem todos os pensamentos levam à verdade, ou seja, resultam de uma forma
lógica correta. Para chegar ao conhecimento verdadeiro, o pensar deve ser movido pelo
raciocínio, com uma lógica e argumentos válidos. O processo de pensar pode levar a
uma realidade cada vez mais aprimorada. A abstração filosófica nos permite sair da
aparência para a essência.
Segundo diversas teorias, só é considerado livre o ser humano que é autônomo,
capaz de pensar por si mesmo e dar respostas originais a si próprio e ao mundo. E
acredita-se que isso é um aprendizado, ou seja, fruto de educação – é possível por
meio da educação oferecer as condições de aprimorar sua capacidade de pensar.
O mundo é feito de idéias. As idéias são frutos do pensamento. Um pensar pobre
não produz idéias, gera um mundo pobre.
Perguntas que devemos fazer:
Minhas crenças correspondem a um saber verdadeiro a um
conhecimento? A minha fala é coerente?
O que orienta minha atitude? Qual o sentido de minha ação?
7
9. O pensamento, a linguagem e o conhecimento.
O pensamento é a fala internalizada, enquanto a linguagem é a expressão do
pensamento. A linguagem permite a comunicação com o mundo, com os outros.
O fazer humano deve ser resultado do conhecimento. E o conhecimento é
resultado de um pensar correto. O fazer humano deve modificar a realidade exterior,
formar os homens, aproximá-los entre si e enriquecer o mundo de valores.
Existem várias formas de conhecer e interpretar a realidade, com diferentes
enfoques e metodologias:
O mito – imagens, símbolos e significados. História e narrativa.
O senso comum – herança, tradição, experiências
A ciência – estrutura seu saber pelo método científico
A Filosofia – reflexão rigorosa, sistemática
A religião – fé, transcendência da vida humana
A arte - intuição e sensibilidade
10. Como a Filosofia trabalha:
As perguntas filosóficas não se dão ao acaso, se dão de modo sistemático.
Sistemático vem de sistema - do grego – que significa que todas as partes
estão ligadas, articuladas, ordenadas, coerentes, graças a princípios comuns.
Para que possamos obter uma visão crítica de nossas crenças, atitudes e
opiniões, as questões filosóficas se realizam de modo sistemático, metódico e
coerente, ou seja, trabalham com
enunciados e declarações precisas,
encadeamento lógico entre as declarações,
conceitos válidos e comprovados,
fundamentação racional.
11. Filosofia se preocupa com
as condições e os princípios do conhecimento racional e verdadeiro,
a origem, a forma e o conteúdo dos valores éticos, políticos, artísticos e
culturais,
8
as transformação histórica dos conceitos, idéias e valores,
o estudo das diversas modalidades da consciência: percepção,
imaginação, memória, a linguagem, inteligência, reflexão, experiência,
comportamento, vontade, desejo, paixão,
a interpretação das idéias ou significação da realidade, mundo natureza,
cultura, histórica, subjetividade, objetividade, conflito, contradição.
A Filosofia se interessa por aquele instante em que a realidade natural – mundo
das coisas – e a realidade histórica - mundo dos homens – tornam-se estranhas,
espantosas e incompreensíveis. Quando o senso comum já não consegue responder.
A Filosofia consiste em três atividades: análise, reflexão e crítica.
FILOSOFAR: é interrogar principalmente sobre os fatos, problemas e dilemas
que cercam o ser humano em seu contexto histórico. Esse contexto muda ao longo do
tempo, e por isso alguns temas de reflexão filosófica variam. Formulam-se novas
questões tais como: a humanidade será dominada pela técnica? Quais valores
conduzem o homem moderno?
12. Para que serve a Filosofia?
O senso comum da nossa sociedade considera útil apenas o que dá prestígio,
poder, fama, riqueza. Julga útil pelo uso prático, lucrativo e visível das coisas. Mas será
mesmo esse o conceito de útil? Ou será útil algo que torna possível:
Abandonar a ingenuidade e preconceitos do senso comum
Romper com a submissão das idéias dominantes e aos poderes
estabelecidos
Compreender a significação do mundo, cultura e história
Conhecer o sentido da criação humana.
A consciência de si e das próprias ações em busca da felicidade e liberdade -
através do pensamento, permitir que o homem seja seu próprio condutor.
Filosofia é o conhecimento da nossa civilização ocidental, durante 2.500 anos.
Uma herança valiosa que pertence a nós todos. A Filosofia gera as ferramentas para
pensar, pesquisar e gerar conhecimento. O conhecimento não está inscrito no mundo,
9
ele foi produzido pelo homem, em alguma época e lugar. O conhecimento é fruto do
pensamento.
Filosofar é interrogar principalmente sobre fato, problemas e dilemas que cercam
o ser humano em seu contexto histórico.
13. Alguns conceitos
Tanto o senso comum quanto a ciência são formas de conhecimentos válidos e
úteis para o homem, não havendo superioridade entre essas duas formas de
compreender e agir na realidade. No entanto, é importante fazer essa distinção para
estabelecer as diferenças entre essas duas possibilidades de conhecimento e sua
aplicabilidade.
13.1. Senso comum
É o conhecimento recebido por tradição e que ajuda a nos situarmos no
cotidiano, para compreendê-lo e agir sobre ele. É um conjunto de crenças, baseadas no
conhecimento espontâneas e não-crítico, mas que revelam o esforço de buscar
soluções para a nossa vida cotidiana. Essas noções podem esconder idéias falsas e
preconceituosas. No entanto, não podemos desprezar o senso-comum, pois essa forma
de conhecimento tão universal contém muita sabedoria essencial para o
desenvolvimento e organização da humanidade (ex: a roda e o fogo).
O que caracteriza o senso comum não é sua verdade ou falsidade, é a ausência
de crítica, fundamentação e coerência dessas concepções. O senso comum é
transmitido no cotidiano, por meio da cultura e hábitos, de pende de julgamento e de
valores. Muitas vezes essas concepções do senso comum se transformam em ditados
populares. O senso comum lida com opiniões e pré-conceitos, noções parciais e com
julgamentos da realidade.
13.2. Ciência
A ciência produz um conhecimento sistemático e empiricamente fundamentado,
a partir de um método racional. A partir da observação rigorosa, a ciência busca
conhecer explicar a realidade forma objetiva, sem interferência de valores e
julgamentos. A ciência trabalha com conceitos, que são as noções elaboradas,
10
testadas rigorosamente, comprovadas. Busca descobrir leis gerais que sejam válidas
para várias situações particulares.
13.3. Dogmatismo - Dogmas são conhecimentos inquestionáveis, são noções
estabelecidas sem contestação e crítica. O dogmatismo é a nossa crença de que
o mundo existe e é exatamente igual ao que percebemos, por isso não é necessário
criticar e refletir sobre a realidade.
13.4. A atitude dogmática é a aceitação natural e espontânea diante das
coisas do mundo: acreditamos e percebemos o mundo pronto e conhecido. É uma
atitude conservadora, ou seja, queremos conservar o mundo e as coisas como já são
naturalmente. Criamos idéias preconcebidas e rígidas em defesa desse mundo.
13.5. Atitude filosófica é o oposto da atitude dogmática - A atitude filosófica
pressupõe a dúvida e a crítica, não aceitar como naturais as coisas, os fatos, as idéias
os comportamentos, os valores da nossa vida cotidiana. É preciso desconfiar das
opiniões e crenças estabelecidas pela sociedade e cultura, e, também, desconfiar das
próprias opiniões e crenças. É a atitude que nos leva a analise, reflexão e critica. Ir
além da aparência e buscar a essência das coisas, dos fatos, dos valores, opiniões.
Procurar saber o que é (significado), como é (estrutura) e por que é (causa) de
algo.
Fonte: internet

Indicação de Livros.

Para você caro leitor que desejar conhecer sempre mais a história da Filosofia e ter um bom conteúdo filosófico em mãos, ta aí três grandes livros que eu recomendo!

Por: Friedrich Nietzsche

Editora Globo

 Por: Luiz Felipe Pondé


Por: Davi Reis de jesus


Entendendo o Marxismo.